segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A construção da Ferrovia de Jundiaí


  A cidade de Jundiaí teve o seu crescimento acelerado a partir de sua ligação por via férrea com São Paulo, em fevereiro de 1867. Ali passaram a chegar todas as cargas do interior para canalizar seu transporte para o porto, via ferrovia, primeiro em lombo de burro, e a partir de 1872, com a construção, a partir dali, da Companhia Paulista e da Companhia Ytuana, por via férrea. A Paulista também construiu ali, um quilômetro à frente da estação terminal da SPR, os seus escritórios e oficinas.
  Até 1970, a linha daItuana - pertencente então à Sorocabana, que a encampou em 1905, saía dessa estação em direção a Itu, Mairinque e Piracicaba.

  ACIMA: NOS TEMPOS DA YTUANA... (esquerda) A saída dos trens da linha da Ytuana era por aqui, em 1950. 


  Compare com a foto da direita, tomada no mesmo local em 10/7/2009. As controvérsias acerca de como a Sorocabana (dona da defunta Ytuana desde 1905) encostava ali dão conta que, em princípio, segundo Alberto Del Bianco, a Ytuana encostava ali de ré para partir o trem depois de sua locomotiva manobrar num triângulo (de bitola métrica, claro) que existia junto ao primeiro viaduto, sentido interior (Fotos Carl Heinz Hahmann e Thomas Correa). 


ABAIXO: Ponto de baldeação para a Ytuana, nos anos 1920 (Autor desconhecido).

  Hoje a estação atende aos trens metropolitanos da CPTM, sendo que o último trem de passageiros da Fepasa passou por ali em 15 de janeiro de 1999. 

  "Nunca me  esqueço e tenho saudade de quando eu era pequena e nossa família pegava o trem na estação ferroviária de Jundiaí. Íamos em direção a São Paulo ou Santos. 
  Quando o trem parava na estação, meu pai nos pegava no colo (eu e minha irmã) e nos
colocava dentro do trem através da janela. Virávamos os bancos e nos sentávamos de frente. Era maravilhoso e divertido ver as paisagens, passar pelos túneis... descer a serra do mar até Santos era divino e assustador devido à altura. Não dá para acreditar que não temos mais nossos trens de passageiros circulando. É muito triste" (Marisa Franchi, 04/2005).

  "Nos horários em que circulam 3 composições na extensão operacional Francisco Morato-Jundiaí, ao chegar nesta última estação, os trens fazem um rabicho de manobra seguindo até o final da eletrificação, próximo a Jundiaí Paulista e em frente a um trevo da Avenida União dos Ferroviários. Neste ponto, o maquinista desliga o trem, desce e troca de cabine (de uma ponta para a outra) para voltar para Francisco Morato. mas os TUEs da série 1700 simplesmente liberam o mecanismo das portas quando desligados e os vida-boas que já estavam aguardando aproveitam, abrem tranquilamente as portas (sem fazer força), e viajam para São Paulo sem pagar um centavo. Aliás, eu acho engraçado quando os série 1100 fazem esse rabicho: como muitos desses vida-boas não sabem distinguiras séries, forçam a porta e não conseguem abrir, aí ficam mais 25 minutosesperando" (Rafael Asquini, 05/2007). 

ACIMA: A velha estação de Jundiaí, ponto final das linhas da CPTM, tendo em frente à praça que dá acesso ao centro da cidade e do outro lado uma quantidade enorme de containers que aguardam embarque ferroviário para o porto de Santos pela MRS (Foto Ricardo Koracsony, 2007). ABAIXO: Enquanto isso, ao lado da estação, a cabina de comando de Jundiaí se vai rapidamente. A foto da esquerda é de 2003; a da direita, de 2005 (Fotos Thomas Correa).



"Em Jundiaí fazia-se a troca de tripulação e de locomotivas entre a SPR (depois EFSJ e RFFSA) e a Cia. Paulista (depois FEPASA) nos trens de longo percurso. Às vezes esperávamos quase meia-hora em Jundiaí até chegar a tração da Fepasa para continuarmos a viagem. E uma vez como demorou demais, quase 55 min, discussão na estação, xingamentos, e a English Electric da RFFSA obteve autorização para ir adiante, mas saltei em Campinas, não sei até onde ela foi, ou se voltou dali. Não foi com tripulação RFFSA, foi com pessoal Fepasa. Foi a única vez que a vi seguir além de Jundiaí" (José Roberto Garbe Habib, 23/10/2009).

Estação de Jundiaí, tirada sentido interior.

  A estação ferroviária de Jundiaí foi tombada pelo CONDEPHAAT em 21 de junho de 2010, pelo ofício 1413/2010 do processo 60142/2009.  A carta de comunicação aos interessados foi emitida em 22 de julho de 2010. O tombamento havia sido pedido por mim, Ralph Mennucci

Trens:

  De acordo com os guias de horários, os trens de passageiros param nesta estação desde o ano de 1867.

ACIMA: Pátio de Jundiaí em 1967. ABAIXO: Vista do triângulo de reversão da Santos-Jundiaí em 1967 (Revista Manchete).

A estação no século XIX.
Plataformas da estação, sem data.
A English Electric em Jundiaí, em 1982.


Plataformas da estação, sem data.


Plataformas da estação, em 1997.


Fachada da estação, em 2001.


TUE da CPTM na estação, em 25/12/2003.



Fontes: 

  Pesquisa local:Ralph M. Giesbrecht; Marisa Franchi; Rafael Asquini; Kleber Ragassi; Guilherme Alpendre; Fernando Picarelli; Adriano Martins; William Gimenez; Thomas Correa; Ricardo Koracsony; Museu da Cia. Paulista, Jundiaí; Manchete, 1967; Guia Levi, 1932-80; São Paulo Railway: Relação oficial de estações, 1935; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht.

Fábio Chaves Garcia, Felipe de Paula, Fernando de Paula, Jonathan Felipe Marques e Pedro Gabriel   Peresin - Alunos do 2º ano do Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino - Sob Orientação da Professora: Rosângela de Souza

2 comentários:

  1. Gostaria em saber aonde fica a Cabina de Comando nº2, pois tenho uma foto do meu avô em frente a mesma, está escrito "JUNDIAHY CABINA N2".

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