Na última semana,
quando começaram as manifestações que hoje se espalham por todo país, fui pego
de surpresa pelas mesmas. Já era hora de ir dormir, quando ao término de um
filme, fiz como de costume e coloquei na Bandnews
para acompanhar as últimas informações do dia antes de me recolher.
Foi
só então que me dei conta do que estava acontecendo, fiquei quase duas horas
acompanhando os protestos e tentando entende-los, pensei muito, tive
dificuldades para dormir, assumindo que estava enxergando o “ovo da serpente”,
como aconteceu na Alemanha nazista quando o parlamento daquele país foi
queimado e a culpa foi toda imputada aos comunistas que nada tinham com o
evento, mas, que foi fundamental para a chegada de Adolf Hitler ao poder.
Em
plena copa das confederações, eu como fã apaixonado pelo futebol, Brasileiro e Corinthiano,
mais um dos tantos técnicos espalhados pelo nosso país, busco acompanhar vários
programas de esporte. A copa das confederações é analisada pela ESPN Brasil e
sou fã do programa linha de passe, que durante esse período é transmitido
diariamente às 21 horas. Qual não foi minha surpresa quando ao colocar no
programa, percebi que os comentários naquele dia foram totalmente voltados para
as manifestações que estavam acontecendo, os apresentadores estavam
questionando os reais motivos das mesmas, sobretudo o quão eram difusos e
difíceis de interpretar, porém ao mesmo tempo, assim como eu, enalteciam a
capacidade de mobilização da sociedade brasileira, que há muito, já cobrava dos
meus alunos uma postura mais presente.
Fui
“cara pintada”, participei de todas as manifestações que aconteceram no Brasil
da década de 1980 em diante, fui sempre atuante na defesa do meio ambiente com
o G.A.V. – Grupo de Ação Verde, sou, considero bastante politizado e procuro
estar sempre informado, acho que por influência do meu pai. Mas, essas
manifestações, me incomodavam muito, não conseguia encontrar um objetivo
contundente para as mesmas.
Em
meio a fechamento de médias, bimestre e correções de prova, comecei a
interpretar o que agora diariamente via na mídia, espalhado pelo país e tomando
a cada novo protesto dimensões ainda maiores. Principiei, pegando todos os
objetivos que ali estavam, espalhados de maneira bastante fluídas e sem
direcionamento. Pedia – se redução das tarifas de ônibus em R$ 0,20; o fim da
impunidade aos políticos corruptos deste país (tardia, diga – se de passagem);
contra os exagerados gastos na copa das confederações e do mundo entre outros.
Procurei
nesses protestos uma bandeira, uma causa, mas não as encontrava, foi só aí, lá
pelo terceiro dia de manifestações que comecei a entender o que se passava. Via nas ruas o que na história já em
diversas ocasiões tinha acontecido. O povo sendo usado como massa de manobra
política, mas pensava eu, para que? Qual o objetivo disso? Cheguei a
comentar tudo isso com meus alunos, tanto da escola particular, como da rede
pública em que leciono. Falei das minhas preocupações e que estava por assim
dizer com a “pulga atrás da orelha”.
Interpretando
os sinais, que a cada dia me pareciam mais nítidos, cheguei à conclusão que
estava sendo orquestrado um golpe de estado e muito mais para uma direita
radical, privada que foi de seus direitos de enriquecimento e exploração sobre
a classe trabalhadora nesse país nos últimos 20 anos, do que pela esquerda
inerte que possuímos.
Comecei,
então ao ver as transmissões dos protestos e observar que algumas faixas e
cartazes pediam o fim da copa das confederações e do mundo, respectivamente e
soube aí que o perigo rondava as esferas políticas do país de maneira
contundente. Ora, foram gastos mais de 28 bilhões de reais para a realização
dos eventos, se era para eles não acontecerem, que em 2007 quando fomos
escolhidos fossem feitas manifestações, cheguei a ouvir de um companheiro meu,
professor, que só agora a população acordou. Como pode penso, será que as
pessoas acharam mesmo que os eventos iriam ser organizados e não íamos ter que
gastar nada para que fossem feitos?
Agora
que o rombo está feito, nada mais podemos fazer a não ser torcer para que estes
eventos aconteçam de maneira pacífica, característica de nosso país, e que
parte desse dinheiro, pois não sejamos ingênuos novamente de imaginar, sejam
repostos na totalidade.
Vamos
por um instante apenas imaginar o que aconteceria se eles não se realizassem?
Ao criarmos um clima hostil, onde a FIFA organização máxima do futebol entenda
que não há condições de segurança para a realização dos eventos e os venha a
suspender. Teremos em primeiro lugar um rombo nos cofres do estado proporcional
aos valores gastos com os mesmos, o que por si só, tornaria o país
ingovernável, mas não para por aí, teríamos ainda o caderno de encargos que
faculta a FIFA o direito de cobrar financeiramente o país sede dos jogos, pela
não realização dos mesmos, inclusive ressarcindo patrocinadores e a própria
organização.
Nesse
momento, vejo plenas condições para a chegada ao poder de um partido ou grupo
político de oposição que, no furor das manifestações que se tornariam muito mais
sérias, ganharia condições para tanto. Portanto, entendo como muito delicado o
momento atual. Penso um pouco como o Paulo Vinícius Coelho dos canais ESPN
Brasil que lembrou esses dias ainda, que todo movimento tem que ter um
vencemos, conseguimos, conquistamos a vitória. Pergunto – vos, qual é o
vencemos deste movimento? Qual é o conquistamos a vitória, desse movimento?
Justamente não há! Seus objetivos são tão difusos, que é difícil estabelecer o
vencemos.
Para
finalizar, pouco antes de escrever este pego o jornal O Estado de São Paulo de hoje e leio uma matéria sobre grupos que
convocam atos anticorrupção e defendem militares de volta ao poder. Página de
política (A 16). Isso está se alastrando
rapidamente sobre nossos olhares e poucas pessoas tem tido a condição de
perceber o “Ovo da Serpente” já que é um movimento totalitário de extrema
direita disfarçado de festa popular e solução imediata para a crise política
instalada no país. Como, aliás, já é peculiar na história de todos os povos e
nações deste lindo planeta azul.
Esperamos, eu e o grupo de pessoas que me
acompanham estarmos errados, mas se não estivermos, então estão se criando, a
passos largos condições, para que isso venha a acontecer, pode não ser hoje,
nem amanhã, mas com o decorrer do tempo e nos próximos anos ficaremos sabendo
que essas manifestações tinham uma ou mais de uma origem, e a partir dela e
seus lideres um objetivo muito claro, porém, velado para que nem todos possam
entender facilitando assim seu êxito.
E a manipulação da massa continua, só muda o jeito que é feita!
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